Faz um tempo que não analiso músicas por aqui. Bom, tenho uma historinha com essa. A princípio, não gostei muito, nem sei explicar o porque. Em janeiro de 2022, fui à um encontrão como missionária no Lumen João Pessoa e ela foi tocada várias vezes. Depois disso, resolvi dar uma nova chance à música, fui me acostumando e cada vez mais prestando atenção na letra. Ao escutá-la na voz do Juninho Cassimiro e do Frei Gilson acrescentando falas e orações, nossa, é muito forte, me cativou de fato! Então vou pensar ela aqui, junto com você, vamos nessa?
Desde já, coloco que a referência bíblica da música é o encontro de Jesus com a samaritana no poço de Jacó e essa passagem é encontrada em Jo 4, 4-42. O que está em negrito é a letra da música.
Quer se deparar com um olhar mais profundo
Ele está sentado logo ali, na beira de um poço com uma sede de amar
Deus é amor (1 João 4:8). Jesus é a personificação desse amor, e o encontro com Ele é um encontro com o amor verdadeiro. O Catecismo da Igreja Católica (CIC) afirma que “Deus é amor” e que Ele nos chama a uma comunhão de vida e amor com Ele (CIC 221). Santa Teresa de Ávila frequentemente falava do encontro com Deus como um encontro com o amor puro e transformador.
Jesus olhou para a mulher samaritana com compaixão e conhecimento profundo de sua vida (João 4:17-18). A encíclica “Deus Caritas Est” do Papa Bento XVI fala sobre o olhar de amor de Deus que penetra profundamente em nossas vidas. São João Paulo II, em suas catequeses sobre a Teologia do Corpo, fala sobre o olhar de Cristo que revela a verdade mais profunda sobre a pessoa humana.
Jesus, cansado da viagem, sentou-se junto ao poço e pediu água à mulher samaritana, revelando sua sede não apenas física, mas também espiritual (João 4:6-7). O Concílio Vaticano II, na constituição “Gaudium et Spes”, fala sobre a sede de Deus pelo amor humano e a resposta do homem a esse amor. Santa Teresa de Lisieux, em seus escritos, fala sobre a sede de Jesus por almas e seu desejo de ser amado.
Que tal sentar naquele poço
E dar de beber ao Deus sedento?
Parece que o poço é fundo
Mas se conhecesses o dom do Deus sedento
do Deus sedento
Jesus diz à mulher samaritana: “Se conhecesses o dom de Deus e quem é que te pede: ‘Dá-me de beber’, tu mesma lhe pedirias, e ele te daria água viva” (João 4:10). A encíclica “Deus Caritas Est” do Papa Bento XVI fala sobre o amor de Deus como um dom gratuito que nos é oferecido. São João da Cruz, em seus escritos místicos, fala sobre a profundidade do amor de Deus e como ele nos chama a um relacionamento íntimo e profundo.
Sede de ganhar teu coração
Sede de que tenha sede dele
Sede de ganhar teu coração,
Quer fugir e mentir, se esconder, se isolar
Mas no fundo o poço é fundo, tem medo de enfrentar
A Palavra nos fala sobre o desejo humano de se esconder de Deus, como Adão e Eva fizeram após pecarem (Gênesis 3:8-10). Esse desejo de fugir e se esconder é uma resposta ao medo e à vergonha. O Catecismo da Igreja Católica (CIC 397) explica que o pecado original levou à perda da confiança em Deus, resultando em medo e isolamento. Santo Agostinho, em suas “Confissões”, fala sobre sua própria luta com o pecado e o desejo de fugir de Deus, até encontrar a verdadeira paz em Seu amor.
O poço profundo pode simbolizar as profundezas da alma e os medos que enfrentamos ao nos confrontarmos com nossas próprias fraquezas e pecados. Jesus oferece a “água viva” que pode alcançar essas profundezas e trazer cura (João 4:11-14). A encíclica “Spe Salvi” do Papa Bento XVI fala sobre a esperança cristã que nos permite enfrentar nossos medos e encontrar a verdadeira liberdade em Cristo.
Santa Teresa de Ávila, em “O Castelo Interior”, descreve a jornada espiritual como uma viagem para dentro de si mesmo, enfrentando medos e obstáculos para encontrar Deus no centro da alma.
Vai lá, chama tua verdade, vem aqui
Vai lá, rasga o teu coração e vem aqui
Conta para ele como está
Deixa ele falar quem você é
O seu amor é tudo que você precisa ter
Jesus nos convida a viver na verdade e a nos aproximarmos d’Ele com sinceridade. Ele disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (João 14:6). O Catecismo da Igreja Católica (CIC 2466) afirma que “em Jesus Cristo, a verdade de Deus se manifestou plenamente”. Santa Teresa de Ávila enfatiza a importância da verdade interior na vida espiritual, encorajando-nos a sermos honestos com Deus e conosco mesmos.
O profeta Joel exorta: “Rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e voltai ao Senhor, vosso Deus” (Joel 2:13). Isso simboliza um arrependimento sincero e uma abertura total a Deus. A encíclica “Misericordiae Vultus” do Papa Francisco fala sobre a necessidade de um coração contrito e aberto à misericórdia de Deus. São Francisco de Assis é um exemplo de alguém que viveu com um coração rasgado e aberto ao amor e à misericórdia de Deus. Jesus nos chama a lançar sobre Ele todas as nossas preocupações, pois Ele cuida de nós (1 Pedro 5:7). Ele também nos revela nossa verdadeira identidade como filhos de Deus. O Concílio Vaticano II, na constituição “Gaudium et Spes”, fala sobre a dignidade da pessoa humana e como Deus nos revela nossa verdadeira identidade. Santa Catarina de Sena, em seus diálogos com Deus, frequentemente falava sobre a importância de ouvir a voz de Deus para entender quem realmente somos.
O amor de Deus é a essência do Evangelho. Jesus disse: “Permanecei no meu amor” (João 15:9). A encíclica “Deus Caritas Est” do Papa Bento XVI destaca que o amor de Deus é a base de toda a vida cristã. Santa Teresa de Lisieux, conhecida por sua “Pequena Via”, ensinava que o amor é o caminho mais seguro para a santidade.
Jesus disse: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32). O amor de Deus é libertador, trazendo-nos a verdadeira liberdade em Cristo. A encíclica “Redemptor Hominis” do Papa João Paulo II fala sobre a redenção como um ato de amor que liberta a humanidade do pecado e da morte. Santo Agostinho, em suas “Confissões”, descreve como encontrou a verdadeira liberdade ao se entregar ao amor de Deus.
O amor desse Deus só quer te libertar
Você precisa ter coragem e o levar
Ao lugar sagrado que tu tens
Onde estão segredos que ninguém vê
Onde está o sonho de ser livre, livre, livre
Jesus nos chama a ter coragem e a confiar n’Ele: “Não temas, crê somente” (Marcos 5:36). Ele nos convida a levar nossas preocupações e medos a Ele. O Catecismo da Igreja Católica (CIC 2725) fala sobre a necessidade de coragem e perseverança na vida de oração. Santa Teresa de Ávila, em “O Castelo Interior”, fala sobre a importância de levar nossas almas ao encontro com Deus, no lugar mais íntimo e sagrado de nosso ser.
Jesus conhece os segredos mais profundos de nossos corações: “O Senhor não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração” (1 Samuel 16:7). A encíclica “Deus Caritas Est” do Papa Bento XVI fala sobre o amor de Deus que penetra profundamente em nossas vidas e conhece nossos segredos mais íntimos. São João da Cruz, em seus escritos místicos, fala sobre a alma como um lugar onde Deus revela segredos profundos e íntimos.
A verdadeira liberdade é encontrada em Cristo: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (João 8:36). O Concílio Vaticano II, na constituição “Gaudium et Spes”, fala sobre a liberdade humana e como ela é plenamente realizada em Deus. Santa Teresa de Lisieux, em sua “Pequena Via”, ensina que a verdadeira liberdade é encontrada no abandono confiante ao amor de Deus.
A verdade te libertará
O amor não vai te condenar
E no fim de tudo é ele quem te saciará
Te saciará, é ele quem te saciará
A primeira frase ecoa diretamente as palavras de Jesus em João 8:32: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” A verdade aqui é entendida como a revelação de Deus através de Jesus Cristo, que liberta o ser humano do pecado e da ignorância espiritual.
Já a segunda frase reflete a essência do ensinamento cristão sobre o amor de Deus. Em 1 João 4:18, lemos: “No amor não há medo; ao contrário, o perfeito amor expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não está aperfeiçoado no amor.” O amor de Deus é visto como incondicional e redentor, não condenatório.
Aqui, a ideia de saciedade remete à promessa de Jesus em João 6:35: “Eu sou o pão da vida. Aquele que vem a mim nunca terá fome; aquele que crê em mim nunca terá sede.” Jesus se apresenta como a fonte última de satisfação espiritual e plenitude.
O Catecismo (n. 27) afirma que “o desejo de Deus está inscrito no coração do homem, porque o homem é criado por Deus e para Deus; e Deus não cessa de atrair o homem a si, e só em Deus o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar.”
Santo Agostinho, por exemplo, disse: “Fizeste-nos para ti, e inquieto está o nosso coração enquanto não repousa em ti.” Isso reflete a ideia de que a verdadeira saciedade e paz vêm de Deus.Espero ter contribuído para você se aproximar mais de Deus e rezar com essa música tão bela. Se te tocou em algo, peço que não guarde essa graça para ti, e compartilha conosco. Se puder, compartilha com os amigos e me ajuda a divulgar. Não gostou de algo ou tem sugestões para melhorar, seu comentário é bem vindo.
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