Karol Wojtyła e o Personalismo: A Filosofia da Pessoa

Recentemente tive acesso à um curso em introdutório sobre a filosofia personalista. Fiquei surpresa por não lembrar de nenhuma menção à isso durante a formação em Psicologia. Teria sido de grande utilidade durante a formação. Claro, que nomes dessa filosofia que cheguei a ler e conhecer um pouco, mas não foi com essa perspectiva. Então resolvi escrever um pouco do que aprendi, até como forma de me ajudar na fixação e para dar esse incentivo inicial para que outras pessoas também tenham contato com essa filosofia e com essa faceta de Karol Wojtyla.
Vamos comigo?



Karol Wojtyła, mais conhecido como Papa João Paulo II, foi um dos grandes pensadores do século XX. Sua abordagem filosófica se baseia no personalismo, uma corrente que coloca a pessoa humana no centro da reflexão filosófica. Seu pensamento parte da experiência concreta do ser humano e busca responder à pergunta fundamental: Quem é a pessoa?
O personalismo é uma filosofia que enfatiza a dignidade, a liberdade e a responsabilidade da pessoa humana. Wojtyła desenvolveu essa visão a partir de uma síntese entre a filosofia do ser e a filosofia da consciência, buscando compreender a pessoa não apenas como um ente racional, mas como um ser que se realiza através da ação. Ele argumenta que a identidade humana se revela por meio das ações livres e responsáveis. Assim, a pessoa não é apenas um ser racional, mas alguém que se constrói através de suas escolhas e compromissos.
Wojtyła incorpora elementos da fenomenologia, especialmente de Max Scheler, para analisar a vivência subjetiva. Ele destaca que a pessoa não pode ser reduzida a um objeto, pois possui uma interioridade única, capaz de refletir sobre si mesma e sobre o mundo. Se paramos para observar a juventude atual, podemos perecer facilmente o quanto parecem perdidos. Hoje há uma crise até sobre a nossa própria humanidade, quando vemos pessoas que se comportam e dizem se identificar como animais. 
Para Wojtyła, a liberdade não é simplesmente a ausência de restrições, mas a capacidade de agir conforme a verdade e o bem. Ele enfatiza que a verdadeira realização humana ocorre quando a pessoa se doa sinceramente aos outros.
Dentre algumas das suas frases de destaque acerca do tema, temos:
"O homem não pode viver sem amor. Ele permanece para si mesmo um ser incompreensível, sua vida é destituída de sentido, se o amor não lhe for revelado."

Essa filosofia mostra que muito do nosso ser é revelado em nosso contato com o outro, então quando não temos essa experiência de amor, a nossa própria identidade fica prejudicada. 

"A liberdade não consiste em fazer o que gostamos, mas em ter o direito de fazer o que devemos."
Wojtyła argumenta que a liberdade autêntica não significa fazer o que se deseja sem limites, mas sim agir de maneira responsável, reconhecendo que cada escolha molda a identidade da pessoa. Ele enfatiza que a liberdade deve estar ligada à verdade, pois somente ao buscar o bem e a justiça a pessoa se torna verdadeiramente livre.
Um dos aspectos centrais do pensamento de Wojtyła é que a liberdade se realiza plenamente quando a pessoa se doa sinceramente aos outros. Ele vê a liberdade como um chamado à comunhão e ao amor, e não como um individualismo isolado.
Ele critica visões que reduzem a liberdade ao mero desejo ou à satisfação pessoal, defendendo que a verdadeira liberdade está na capacidade de escolher o bem e viver de maneira autêntica.
"A pessoa realiza-se plenamente na entrega sincera de si mesma."

É nesse movimento de sair de si, que de fato vamos nos desenvolvendo, amadurecendo, sendo...! Não como algo forçado, mas como um movimento natural em relação ao outro, um desejo de fazer-se útil, que muitas vezes a sociedade quer abafar mostrando o serviço como algo totalmente negativo, somente para a subsistência ou por questões egóicas.  

Wojtyła rompeu com o esquema clássico da filosofia escolástica e propôs uma abordagem inovadora: da ação à pessoa. Ele argumentava que a experiência humana deve ser analisada a partir da vivência concreta, e não apenas por conceitos abstratos. Sua obra "Pessoa e Ação" é um marco na filosofia contemporânea, pois une fenomenologia e metafísica para aprofundar a compreensão da pessoa humana.
O pensamento de Wojtyła continua influenciando debates sobre ética, antropologia e dignidade humana. Sua visão personalista é um convite para refletirmos sobre o valor da pessoa em um mundo cada vez mais marcado pela objetificação e pelo individualismo. Observando o mundo no geral, como você avalia que ele está enxergando o homem? Qual o valor de uma vida? Os relacionamentos amorosos estão refletindo essa dignidade humana ou estamos objetificando o outro?
Se quiser explorar mais, algumas das principais obras de Wojtyła incluem:
📘 "Pessoa e Ação" – Sua obra filosófica mais importante, onde desenvolve sua visão sobre a pessoa humana.
📘 "Amor e Responsabilidade" – Reflexão sobre a ética do amor e a dignidade da pessoa.
📘 "Memória e Identidade" – Reflexões sobre história, cultura e liberdade.

O pensamento de Wojtyła continua influenciando debates sobre ética, antropologia e dignidade humana. Sua filosofia personalista é um convite para refletirmos sobre o valor da pessoa em um mundo cada vez mais marcado pelo individualismo e pela objetificação. 

Bibliografia:
https://periodicos.apps.uern.br/index.php/RTF/article/download/2381/2152/6481
https://centrodomvital.com.br/o-conceito-de-pessoa-na-antropologia-filosofica-de-karol-woityla-o-papa-joao-paulo-ii/

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