Pensando na letra da música Koyaanisqatsi do Show Tempestade (parte 1)- Guilherme Sá

Salve galerinha do rock católico!

Continuando as postagens anteriores, sigo pensando sobre as músicas do show Tempestade, do Guilherme Sá e, a música analisada dessa vez  é a Koyaanisqatsi. A música 'Koyaanisqatsi' de Guilherme de Sá é uma reflexão sobre a vida, o tempo e as escolhas que fazemos. O título significa 'vida fora de equilíbrio' em língua hopi, já sugere uma análise crítica sobre a maneira como vivemos. A letra começa com uma pergunta provocativa: 'Qual foi a última vez que você fez algo pela primeira vez?' Essa questão nos leva a pensar sobre a rotina e a falta de novidade em nossas vidas, sugerindo que muitas vezes deixamos de viver experiências significativas por medo ou comodismo. Vamos nos deixando ser tragados pelo cotidiano, a rotina, e não vivemos mais coisas diferentes. 
A música continua explorando a ideia de arrependimento e as oportunidades perdidas, com frases como 'Quase foi, era pra ser, deveria ter sido'. Aqui, Guilherme toca em um ponto sensível: o que poderia ter sido e não foi, e como isso nos afeta emocionalmente. Cada escolha que fazemos, implica em coisas não vividas. A repetição das perguntas 'Quero estar? Posso estar? Deveria estar?' reforça a incerteza e a busca por um sentido maior na vida, questionando nossas escolhas e a nossa presença no mundo, remetendo à teoria de Viktor Frankl, sobre o sentido da vida. 
O refrão transmite uma mensagem de libertação: 'O que não te faz bem, não te faz falta'. Essa frase sugere que devemos nos livrar de tudo o que nos oprime e corrompe, buscando uma vida mais autêntica e equilibrada. A música termina com uma reflexão sobre a passagem do tempo e a permanência de certos elementos, como o amor, os céus e Deus. O cantor nos lembra que, apesar das dificuldades e da transitoriedade da vida, algumas coisas são eternas e imutáveis, oferecendo um consolo espiritual em meio às incertezas da existência.
Prossigamos para a análise propriamente dita, à partir da Igreja da Católica e da Logoterapia!
A letra da música estará em negrito e meus comentários e observações estarão em letra normal, sem destaque.
Qual foi a última vez
Que você fez algo pela primeira vez?
Onde e quando?
Quase foi, era pra ser, deveria ter sido
E o que remói é o que destrói
Quando se entoa

A Igreja Católica aborda bastante o chamado à vocação pessoal, à liberdade interior e à vivência plena da graça. A música nos faz um convite à autenticidade e renovação. A pergunta inicial — “Qual foi a última vez que você fez algo pela primeira vez?” — pode ser interpretada como um chamado à conversão contínua, à abertura ao Espírito Santo, que renova todas as coisas. A fé cristã não é estática; ela é dinâmica, viva, e exige coragem para sair da zona de conforto. 
Também aborda o arrependimento e redenção em versos como “Quase foi, era pra ser, deveria ter sido” evocam o sentimento de arrependimento por oportunidades perdidas. Isso remete ao exame de consciência, que deve ser diário, e à busca pelo sacramento da reconciliação, onde o fiel reconhece suas falhas e se abre à misericórdia divina. 
Fala ainda que o que remói é o que destrói. Essa linha sugere o peso do pecado não confessado, da culpa não redimida. A Igreja ensina que o perdão liberta, e que o sofrimento pode ser redentor quando unido ao de Cristo.
A Logoterapia, criada por Viktor Frankl, parte da premissa de que o ser humano é movido pela busca de sentido. A música de Guilherme de Sá ressoa fortemente com essa visão quando, por exemplo, busca de sentido na ação. A pergunta sobre fazer algo pela primeira vez remete à necessidade de viver com propósito, de se abrir ao novo e ao desconhecido como forma de realização existencial.
Aborda ainda a frustração existencial nos versos sobre o “quase” e o “deveria ter sido” refletem o que Frankl chama de vazio existencial — quando a pessoa se vê paralisada por arrependimentos ou pela falta de sentido nas escolhas passadas.
Tem também o remorso como obstáculo ao sentido. “O que remói é o que destrói” pode ser interpretado como o impacto negativo da ruminação, que impede o indivíduo de se abrir ao presente e ao futuro. A Logoterapia propõe que o ser humano transcenda o sofrimento ao encontrar um significado para ele.
Trata-se de um chamado à Liberdade Interior. A música é, ao mesmo tempo, um lamento e um chamado. Ela convida o ouvinte a reconhecer o peso das escolhas não feitas, a buscar redenção e sentido, seja pela fé ou pela reflexão existencial e a romper com a paralisia do “quase” e viver com coragem e autenticidade.

Quero estar?
Posso estar?
Deveria estar?

Esses três versos — “Quero estar? Posso estar? Deveria estar?” — são curtos, mas carregam um questionamento filosófico e espiritual. Eles funcionam como uma tríade de perguntas que revelam o conflito entre desejo, possibilidade e dever, como uma espécie de exame de consciência existencial.
“Quero estar?” é o questionamento que une o desejo humano e a sede de Deus. Esse verso expressa o anseio interior. O desejo de “estar” pode significar estar na presença de Deus, estar em estado de graça, estar onde se é chamado a servir. Santo Agostinho dizia: “Nosso coração está inquieto enquanto não repousa em Ti.” O querer é o primeiro passo da conversão.
“Posso estar?” remete à liberdade e graça. Aqui surge a pergunta sobre a possibilidade real. A Igreja ensina que, pela graça, tudo é possível — mas também reconhece os limites humanos, os obstáculos do pecado, das circunstâncias, das feridas. Esse verso pode ser lido como uma súplica: “Senhor, dá-me forças para estar onde devo.”
“Deveria estar?” nos faz pensar em vocação e responsabilidade. Essa é a pergunta moral. O “dever” aponta para a vocação pessoal, para o chamado de Deus. Estar onde se deveria estar é viver segundo a vontade divina. É o discernimento entre o que se quer e o que se é chamado a ser.
“Quero estar?” – Autenticidade e vontade de sentido
Frankl via o desejo como expressão da busca por sentido. Esse verso revela a intenção existencial: o indivíduo quer estar em um lugar, em uma relação, em uma missão que faça sentido.
“Posso estar?” é sobre Liberdade com responsabilidade. Na Logoterapia, a liberdade não é absoluta; ela é sempre acompanhada da responsabilidade. Esse verso questiona se a pessoa tem os meios, a força interior, ou mesmo a permissão ética para estar onde deseja.
“Deveria estar?” é um chamado à transcendência. O “dever” é o ponto alto da Logoterapia: é o momento em que o indivíduo transcende seus próprios desejos e limitações para responder ao chamado da vida. Frankl dizia que a vida pergunta a cada um de nós, e cabe a nós responder com responsabilidade.
Resumindo, esses três versos podem ser vistos como uma escada espiritual e existencial:
1. Quero estar → Reconheço meu desejo
2. Posso estar → Avalio minha liberdade e limites
3. Deveria estar → Discernimento do meu chamado e missão

O que não te faz bem
Não te faz falta
Não te oprime
Não te corrompe
Não te obriga a nada

“O que não te faz bem” é sobre discernir os frutos. O bem é aquilo que aproxima de Deus, que gera paz, alegria, caridade. Jesus disse: “Pelos frutos os conhecereis.” Se algo não te faz bem, não vem de Deus — e deve ser deixado de lado.
“Não te faz falta” nos leva ao desapego e confiança na providência. Nos convida ao desapego das coisas que não edificam. O que não te faz falta é aquilo que não contribui para tua salvação. Santa Teresa d’Ávila dizia: “Só Deus basta.”
“Não te oprime” é sobre a liberdade dos filhos de Deus.  A opressão é contrária ao Espírito Santo. Deus não força, não manipula. O amor verdadeiro é livre. A Igreja ensina que a liberdade é essencial para o amor autêntico. O mundo vende uma falsa ideia de que a religião oprime quem de fato somos, mas é exatamente o contrário, quando seguimos o que Deus nos convida a fazer, mas nos aproximamos de quem fomos criados para ser. 
“Não te corrompe” nos faz pensar em pureza e integridade. O que corrompe afasta da verdade, da justiça, da santidade. A corrupção espiritual é o desvio da vocação divina. O cristão é chamado a ser sal da terra e luz do mundo.
“Não te obriga a nada” é sobre respeito à liberdade interior, nosso livre arbítrio. Deus propõe, não impõe. A liberdade é sagrada. O que te obriga sem amor, sem verdade, não vem de Deus.
Já no viés da Logoterapia: vemos que abordamos a autenticidade e a escolha com sentido.
“O que não te faz bem” trata de autoconhecimento e saúde emocional. Frankl valorizava o discernimento entre o que é saudável e o que é destrutivo. O que não te faz bem não contribui para tua realização como pessoa.
“Não te faz falta” é uma libertação do vazio existencial. Muitas vezes, sentimos falta do que nos distrai, não do que nos realiza. A Logoterapia ensina que o sentido da vida não está em preencher vazios com qualquer coisa, mas em encontrar o que realmente importa.
“Não te oprime” aborda a escolha livre e responsável. O ser humano é livre para escolher, mas essa liberdade deve ser usada com responsabilidade. Opressão é sinal de que algo está em desacordo com o verdadeiro eu.
“Não te corrompe” trata da fidelidade aos valores. Frankl defendia que o sentido da vida está ligado à fidelidade aos próprios valores. O que corrompe nos afasta do nosso propósito.
“Não te obriga a nada” é sobre a resposta voluntária à vida. A vida pergunta, mas não obriga. A resposta deve vir do coração, com liberdade e autenticidade.
Esses versos são um lembrete de que o que não te edifica, não te pertence. Eles nos convidam a fazer uma limpeza interior, a deixar para trás tudo que não contribui para nossa missão, nossa paz, nossa verdade. É algo que deve ser feito com certa frequência. 

Quero estar?
Posso estar?
Deveria estar?

Já analisado acima. 

Poderiam ter avisado
Que a vida é difícil
E que o tempo, o tempo passa
Mas nem tudo passa com o tempo
Nem mesmo o amor
Nem os céus
Nem Deus

Esse trecho é uma confissão poética , marcada por uma mistura de lamento, sabedoria tardia e esperança transcendental. 
Sob a perspectiva da Igreja Católica esse trecho me remete a sofrimento, eternidade e Amor Divino.
“Poderiam ter avisado que a vida é difícil” traz à tona o realismo cristão de fato, pois muitas vezes vende-se de que por estar na Igreja a vida se tornaria mais fácil, ledo engano. A fé católica nunca prometeu uma vida fácil. Jesus mesmo disse: “No mundo tereis tribulações, mas tende coragem: eu venci o mundo.” O sofrimento é parte da jornada, mas não é o fim dela.
“O tempo passa, mas nem tudo passa com o tempo” traz um quê de eternidade e esperança. A Igreja ensina que há realidades que transcendem o tempo: a alma, o amor verdadeiro, a graça, o céu. O tempo é uma dimensão criada, mas Deus é eterno. O que é de Deus permanece.
“Nem mesmo o amor, nem os céus, nem Deus” é sobre permanência do essencial. Aqui está o coração da fé cristã: “O amor jamais passará” (1 Coríntios 13:8). O céu é a meta, Deus é o fundamento, e o amor é o caminho. Esses três são eternos, imutáveis, e sustentam a existência.
No olhar da Logoterapia, temos um trecho que fala do  sofrimento com sentido e os valores eternos.
“A vida é difícil” trata da aceitação do sofrimento como parte da existência. As redes sociais muitas vezes parecem mostrar um mundo de flores, onde só são postados os bons momentos, o que não corresponde à realidade como um todo. Viktor Frankl dizia que o sofrimento é inevitável, mas pode ser transformado em realização se tiver um sentido. A dificuldade da vida não é um erro — é um convite à profundidade.
“O tempo passa, mas nem tudo passa com o tempo” traz a percepção dos valores que resistem ao tempo.
A Logoterapia afirma que certos valores — como o amor, a fé, a dignidade — são atemporais. Eles não se desgastam com os anos, e podem até se fortalecer com o sofrimento.
“Nem mesmo o amor, nem os céus, nem Deus” nos leva a pensar no sentido último e transcendência. Frankl acreditava que o ser humano é capaz de transcender a si mesmo. O amor é a forma mais elevada de encontro com o outro e com o sentido. E mesmo sem nomear Deus diretamente, ele reconhecia uma dimensão espiritual que dá sentido à vida.



Pensar e rezar com essas músicas está sendo um alento em tempo de aridez, pois muitas vezes sei que Deus tem me falado por meio delas. Espero que também vos ajude a autotranscender e mudar os rumos da vida para melhor. Continue por aqui e em breve postarei as músicas restantes da parte um desse show. ;)



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