Série pensando na letra da música de louvor do XLVI Encontro Lumen Despertar Franciscus ( Coragem! Avante! - Kaique Sudério )

Olá!!

Já ocorreu o segundo  Encontro Despertar Lumen do ano de 2025 e, com ele foi anunciado o novo tempo que a Obra Lumen está vivendo. Tempo de Franciscus!!! Louvor à Deus por um tema tão especial, que nos remete ao São Francisco de Assis, que tanto nos inspira e ao papa Francisco. Nesse post pensamos na letra da música de louvor. Vamos nessa?

Como as postagens habituais dessa série, segue o vídeo com a música. Em seguida, destacado em negrito e itálico a letra da música e com estiver sem destaque são apontamentos meus, tentando fazer paralelos com a influência de São Francisco e do Papa Francisco.

Estou aqui para entender 
Por que a mim dentre outros tantos melhores que eu
Não há ninguém melhor nem pior do que você 
Te escolho filho para confundir 

Esse trecho traz as ideia de uma reflexão sobre a escolha divina, a humildade humana e o mistério da vocação, temas que ressoam fortemente na espiritualidade de São Francisco de Assis e no legado do Papa Francisco. Neles, o eu lírico questiona por que foi eleito por Deus entre tantos "melhores", reconhece a igualdade radical perante o Criador ("não há ninguém melhor nem pior do que você") e interpreta essa eleição como um ato de "confundir" – uma provocação amorosa que desafia a lógica humana. Essa dinâmica reflete a visão franciscana de um Deus que prefere os humildes e os simples, confundindo a sabedoria do mundo com a loucura da cruz, e o pontificado de Francisco, que enfatiza a misericórdia acessível a todos, a pobreza espiritual e o chamado universal à santidade em meio à confusão do mundo contemporâneo.
A espiritualidade de São Francisco de Assis é marcada por uma humildade radical, que o levava a se ver como o "menor" entre todos, ecoando o trecho "Por que a mim dentre outros tantos melhores que eu". Francisco não se considerava superior ou merecedor; ao contrário, ele abraçava a insignificância para imitar Cristo, o "Poverello" (pobre coitado) que escolheu os humildes para revelar Sua glória. Vale ressaltar, que em sua vida, essa humildade não era mera autodepreciação, mas uma certeza de que "o que cada um é aos olhos de Deus, isso ele é e nada mais". Ele fundou a Ordem dos Frades Menores precisamente para que seus seguidores vivessem essa minoridade, servindo como "irmãos menores" dos homens e da criação, sem glória própria, mas glorificando a Deus pela salvação das almas.
Essa visão se alinha ao legado do Papa Francisco, que, ao escolher o nome em homenagem a São Francisco, reafirmou a humildade como virtude central da Igreja. Em seu pontificado, ele critica a "cultura do eu"(egoísmo) e exalta os pobres e marginalizados como os preferidos de Deus, confundindo as hierarquias humanas. Como ele descreve em mensagens aos franciscanos, a humildade permite que o cristão seja "simples, livre e disponível", pronto para deixar tudo para seguir o chamado divino, sem reconhecimento ou demandas. O Papa Francisco vive isso pessoalmente, renunciando a privilégios papais para enfatizar uma Igreja "dos pobres", onde a escolha de Deus não se baseia em méritos humanos, mas na graça que humilha o orgulho para elevar o humilde. Assim, o trecho musical captura essa inversão evangélica: Deus escolhe o "pior" aos olhos do mundo para manifestar Sua misericórdia, como Francisco de Assis foi chamado de uma vida de riqueza para a pobreza radical.
O verso "Não há ninguém melhor nem pior do que você" reflete a convicção franciscana de que todos são iguais na imagem de Deus, criados "à imagem de seu Filho amado segundo o corpo e à sua semelhança segundo o Espírito". São Francisco via Cristo em todos os irmãos – nos pobres, nos leprosos, nos animais e na criação inteira –, chamando-os de "irmãos e irmãs" em sua humildade universal. Essa igualdade não era abstrata: ele pregava as Bem-aventuranças, purificando o coração e promovendo o perdão e a unidade, tratando todos como "dom do Senhor e imagem de Cristo". Para Francisco, a pobreza espiritual destrói a avareza e o orgulho, revelando que ninguém é superior; todos são chamados à conversão e à misericórdia do Pai.
Durante seu pontificado o Papa Francisco falava da igualdade que se manifesta em sua ênfase na "cultura do encontro", onde ninguém é excluído – nem os pobres, nem os pecadores, nem os desesperados. Ele ecoa São Francisco ao promover uma Igreja missionária e "em saída", que se aproxima dos "periféricos existenciais" com humildade, reconhecendo que Deus ama a todos sem distinção, confundindo as divisões sociais e políticas. Em documentos como Evangelii Gaudium, ele critica ideologias que dividem classes ou reduzem o Evangelho a elitismos, insistindo que a fé é para o povo simples, acessível a todos pela misericórdia divina. O trecho da música, portanto, ilustra essa teologia: Deus não hierarquiza por méritos humanos, mas escolhe o "filho" comum para revelar Seu amor igualitário, inspirando uma espiritualidade franciscana de fraternidade.
"Te escolho filho para confundir" nos az pensar  no paradoxo da cruz, central na vida de São Francisco, que recebeu os estigmas ao contemplar Cristo crucificado – um Deus que confunde a sabedoria humana pela "loucura" do amor (1Cor 1,18-25). Francisco viveu essa confusão: chamado para reformar a Igreja em meio a corrupções e heresias, ele pregava com simplicidade radical, sem suavidades que diluíssem o Evangelho. Sua espiritualidade era de obediência confiante, onde a confusão (como tentações ou oposições) era purificação, levando à alegria na vontade de Deus. Ele entendia a vocação como um chamado para "confundir" o mundo, vivendo a pobreza como "esposa" que leva a Deus, acessível a qualquer um disposto a renunciar.
O Papa Francisco aprofunda isso em seu magistério, vendo a "confusão" como parte da evangelização contemporânea: em um mundo de indiferença e divisões, Deus escolhe os humildes para "confundir" o egoísmo, promovendo paz e reconciliação como os capuchinhos franciscanos, "irmãos do povo". Ele alerta contra paródias da fé que evitam o risco da cruz, que buscam certeza sem mistério, e exorta a uma Igreja que "se machuque" nas periferias para proclamar a misericórdia. Assim, o verso reflete o legado franciscano-papal: a escolha divina "confunde" para converter, transformando dúvida em confiança, como Francisco transformou sua confusão inicial em louvor ao Criador no Cântico das Criaturas.

Por que então insiste em não ver? 
Como vou Senhor corresponder 

Esse trecho traz certa frustração e dúvida, questionando, por que a gente teima em ignorar o que Deus tá mostrando na cara, e como vamos dar conta de responder a esse chamado? Isso casa perfeitamente com a espiritualidade de São Francisco de Assis, que era todo sobre abrir os olhos pra realidade dos pobres e da criação, e com o legado do Papa Francisco, que incentivava bastante a Igreja pra "sair" e ver o mundo de verdade, sem filtros. É um convite pra gente parar de fingir que não vê e confiar na graça pra corresponder, mesmo achando que não dá.
Pouco se ala, mas a meu ver, São Francisco era bom em lidar com essa "cegueira" espiritual. No começo da vida dele, ele era um jovem rico, festeiro, que não via nada além do seu mundinho confortável – insistia em não ver os leprosos e os pobres na rua de Assis. Mas aí veio o momento da conversão: ele beijou um leproso e viu Cristo ali, na face do sofredor. Foi como se Deus gritasse: "Ei, para de insistir em não ver! Eu estou aqui nos humildes". Francisco entendia que essa teimosia vem do orgulho e da avareza, que nos cegam pra imagem de Deus nos outros. Ele pregava pra todo mundo abrir os olhos pras Bem-aventuranças, vivendo a pobreza pra destruir essa ambição e ver a criação como "irmã" e "mãe". No Cântico das Criaturas, ele louva Deus por tudo, mostrando que ver é simples: basta humildade pra notar o Pai em cada detalhe da vida. E vamos combinar que muitas vezes a rotina acaba nos atrapalhando de viver contemplando o simples e belo que a criação nos proporciona né?!
O Papa Francisco pega isso e aplica no nosso tempo caótico. Ele vive falando que a gente "insiste em não ver" porque tá preso em consumismo e indiferença ignorando os pobres nas periferias enquanto corre atrás de likes e coisas materiais. Em mensagens para os franciscanos, ele diz que a Igreja tem que ser "missionária em saída", abrindo os olhos pros excluídos, pros que sofrem com guerras e intempéries do clima, pra não virar uma "igreja de museu" que só olha pro umbigo. É como se ele ecoasse Francisco: pare de insistir em não ver o Lázaro na porta, porque aí você tá virando as costas pro próprio Deus. Ele incentiva um "olhar contemplativo" nas ruas, vendo Deus nos rostos dos marginalizados, pra combater essa cegueira que gera injustiça.
Essa parte de "Como vou Senhor corresponder" mostra um pouco da angústia franciscana. Francisco se sentia o "menor", "como eu, que era um bobão rico, vou dar conta de seguir Você?". Mas ele não ficou na dúvida: correspondeu renunciando a tudo, reconstruindo igrejas e fundando ordens, confiando que a graça de Deus faz o resto. Pra ele, corresponder não era ser perfeito, mas ser humilde e obediente, vivendo a minoridade – ser "frade menor" que serve sem esperar aplausos. Ele via o chamado como uma "loucura" acessível a qualquer um: basta casar com a Senhora Pobreza e deixar Deus confundir o mundo através de você.
O Papa Francisco, que era jesuíta mas diria que super franciscano no coração, traz isso pro dia a dia. Ele diz que corresponder não é uma força de vontade fora do comum, mas um "encontro com a misericórdia" que transforma tudo, que Deus te chama primeiro, e você responde saindo pro mundo, abraçando os pobres e promovendo paz. Em vez de se preocupar "como vou dar conta", ele exorta: seja simples, disponível, e vá pras periferias sem medo, porque a graça tá aí pra te sustentar. É uma espiritualidade de "restituição" a Deus: tudo que a gente tem é dom Dele, então responde com louvor e ação concreta, como Francisco fazia pedindo esmolas pros irmãos.
No fundo, esse trecho da música é um eco da jornada franciscana: a teimosia em não ver é o que nos trava, mas o chamado de Deus é pra gente confiar e corresponder com humildade, deixando Ele guiar. São Francisco mostrou isso na cruz e nos pobres; o Papa Francisco viveu isso na Igreja de hoje, chamando todo mundo pra abrir os olhos e nos convidando a praticar a misericórdia. 

Coragem, Avante! 
Foi Deus quem me chamou 
Coragem, Avante! 
Semearei o Teu Amor 
Coragem, Avante! 
Foi Deus quem me chamou 
Coragem, Avante!
Minha vida é Louvor 

Esse refrão vem como um grito de guerra espiritual, repetindo "avante" pra empurrar a gente pra frente, apesar das dificuldades da vida. Isso grita a espiritualidade de São Francisco de Assis, que é exemplo de coragem por largar tudo e seguir o chamado de Deus, semeando amor na criação e transformando a existência em um louvor constante. O Papa Francisco pega essa mesma espiritualidade e traz para o mundo de hoje: é um chamado pra Igreja sair do sofá, abraçar os pobres e semear fraternidade, vivendo como um hino de gratidão. 
Esse "Coragem, Avante!" soa como um motor, um chamado pra não travar na dúvida ou no medo. São Francisco viveu isso: ele era um jovem rico de Assis, mas ouviu o chamado de Deus na igreja de São Damião – "Vai e repara minha casa" – e, em vez de ficar no conforto, largou herança, família e status pra ir avante na pobreza total. Um grande exemplo de coragem, confundindo o mundo que achava ele louco, mas ele via nisso a imitação de Cristo, que se fez pobre pra nos enriquecer. Francisco não parava: pregava paz em tempos de guerra, beijava leprosos e reconstruía igrejas com as próprias mãos, sempre avante, porque a humildade destrói o medo e abre pro Espírito. Pra ele, coragem não era bravata, mas confiança no Pai que chama os "menores" pra missões impossíveis, como semear o Evangelho sem dinheiro (poder) ou glória.
O Papa Francisco, que escolheu o nome dele pra isso mesmo, transforma esse "avante" em ação missionária. Ele provoca a Igreja e em especial a juventude: "Não fiquem parados, saiam pras periferias!" – tipo, coragem pra enfrentar indiferença, consumismo e divisões, indo pros pobres e pro planeta machucado. Em Laudato Si', ele fala de avante na ecologia integral, cuidando da "casa comum" como Francisco fazia, sem medo de sujar as mãos. E em Fratelli Tutti, é avante na fraternidade, semeando amor além de fronteiras, porque Deus nos chama pra uma Igreja "em saída", corajosa e humilde, que não se esconde atrás de muros. É essa a pegada: avante não é opcional, é resposta ao chamado, confundindo o egoísmo do mundo com atos de misericórdia.
Repetir "Foi Deus quem me chamou" é como um lembrete: não é por mérito nosso, é graça. Francisco sentia isso na alma – ele não deixou a vaidade de lado, mas o "tolo de Deus" que Deus escolheu pra reformar a Igreja no século XIII, em meio a corrupções e heresias. O chamado veio direto: de festas pra cruz, de riqueza pra pobreza, e ele respondia com obediência radical, fundando os Frades Menores pra espalhar essa minoridade, onde todo mundo é chamado pra ser instrumento de Deus, sem vaidade. Pra Francisco, o chamado era pra todos: leigos, clérigos, pobres – Deus te pega no colo e diz "avante, filho, eu te chamei pra confundir o orgulho humano".
Papa Francisco ecoa isso o tempo todo, dizendo que seu papado é resposta ao chamado pros pobres. Ele vê o chamado como um convite à humildade, pra Igreja ouvir o "grito dos pobres" e responder com caridade, semeando paz em um mundo de exclusão. Em audiências, ele repetia com certa frequencia: Deus chama os simples, os "bebês" do Evangelho, pra revelar mistérios que os sábios ignoram, e a gente responde avante, com o coração aberto pros marginalizados. Não é "eu me chamei", é "Deus me chamou" – motivação pra não desistir, porque a graça sustenta.
"Semearei o Teu Amor" é Francisco no modo fazendeiro espiritual. Ele não ficava só na oração; plantava amor literal e figurado – cuidava da criação, dos animais (irmão lobo, irmã sol), e dos humanos, distribuindo bens pros pobres como se fosse semente de esperança. Sua Regra era clara: viva em pobreza pra semear o Evangelho, combatendo a avareza e promovendo unidade. Ele semeava em campos áridos: cidades divididas, corações endurecidos, transformando tudo em jardim de misericórdia, como nos fala a Parábola do Semeador. 
O Papa Francisco leva isso a um nivel global: semear amor é construir fraternidade em Fratelli Tutti, plantando caridade pros excluídos, paz pras guerras e justiça. Ele exorta franciscanos a serem "semeadores de esperança", indo pras ruas pra espalhar o amor de Deus, sem medo de falhar – porque a semente é Dele, e cresce no solo humilde dos pobres. É avante semeando, não guardando pra si: amor que transcende distâncias, abraçando todos como irmãos.
"Minha vida é Louvor", isso é o Cântico das Criaturas de Francisco – ele transformava sofrimentos em hino, louvando Deus em tudo, até na morte. Sua vida era louvor ativo: alegria na pobreza, perdão nas divisões, reverência à Eucaristia, porque pra ele, ser cristão é cantar a glória de Deus com o corpo e a alma, sem silêncio egoísta. Louvor não era show, mas humildade que eleva o coração, confundindo o mundo com fé simples.
Papa Francisco chama a Igreja de "povo de louvor", que canta misericórdia mesmo no escuro – em homilias, ele liga isso à alegria franciscana, exortando a louvar com ações: servindo pobres, rezando unidos, semeando paz. Vida como louvor é resposta ao chamado: avante louvando, porque Deus merece tudo, e isso cura o coração.

Aos pés da Santa Igreja é onde deve estar 
E entender que só Deus é e basta.

Esse trecho traz uma espiritualidade de humildade filial perante a Igreja e de confiança radical na providência divina, ecoando as vidas e ensinamentos de São Francisco de Assis e do Papa Francisco. São Francisco, o "Poverello" de Assis, viveu essa verdade em sua renúncia total ao mundo, submetendo-se à autoridade eclesial como via para a obediência a Cristo. O Papa Francisco, inspirado na tradição franciscana, atualiza essa mensagem em um mundo de desigualdades, convidando a uma humildade que se traduz em serviço aos pobres e em uma fé que reconhece Deus como o único necessário. Juntos, eles nos mostram que estar "aos pés da Igreja" não é passividade, mas um ato dinâmico de amor que liberta para a suficiência de Deus.
São Francisco de Assis personifica a frase em sua vida de absoluta renúncia, onde a humildade perante a Igreja se entrelaça com a certeza de que "só Deus basta". Convertido após uma juventude de riqueza e vaidade, Francisco fundou a Ordem dos Frades Menores (Franciscanos) com uma regra de vida evangélica: obedecer ao Evangelho "sem nada de próprio e em castidade", prometendo obediência e reverência ao Papa e à Igreja Romana. Essa submissão não era mera formalidade, mas uma escolha de se colocar "aos pés da Santa Igreja", reconhecendo-a como o corpo místico de Cristo que guia os fiéis para a verdade. Como descreve certa Regra franciscana, os irmãos devem viver como "peregrinos e estrangeiros neste mundo", apropriando nada para si, mas confiando em Deus através da providência e da caridade eclesial. Francisco via a Igreja como a "casa do Pai", onde a humildade permite o encontro com o Senhor, evitando o orgulho que separa do Evangelho.
Sua humildade era profunda e ativa: ele se considerava "o menor dos irmãos", recusando-se a ser ordenado sacerdote por reverência ao sacramento e à Igreja, e insistindo que os ministros franciscanos servissem como "servos de todos os irmãos". Francisco é conhecido por exaltar a "Senhora Pobreza" e sua irmã "Santa Humildade", que destroem a avareza e o orgulho, permitindo que o coração se volte inteiramente para Deus. Ele entendia que "só Deus é e basta" ao viver em pobreza radical: "Deus se fez pobre por nós", e assim os frades, ricos em virtudes, herdam o Reino dos Céus. Em meio a tentações e sofrimentos, Francisco perseverava com paciência, amando os perseguidores e orando com coração puro, como ensina a Regra: "Ame aqueles que nos perseguem, pois o Senhor diz: 'Amai vossos inimigos' (Mt 5:44)". Sua vida era um testemunho de que, aos pés da Igreja, o fiel encontra liberdade: não em bens materiais, mas na confiança filial em Deus, que basta para toda necessidade espiritual.
O Papa Pio XI elogiou Francisco como modelo de humildade que se faz "pequeno e humilde para obedecer aos outros com a simplicidade de uma criança", renunciando à própria vontade em obediência ao Vigário de Cristo. Essa obediência eclesial era o alicerce de sua pobreza espiritual, onde Deus se revela aos humildes, como no Salmo: "O humilde ele guia pelo caminho certo" (Sl 25:9). Francisco nos ensina que estar aos pés da Igreja é abraçar a cruz com alegria, sabendo que Deus, em sua humildade encarnada, é o único tesouro eterno.
O Papa Francisco revive essa espiritualidade em seu pontificado, enfatizando a humildade eclesial como antídoto ao clericalismo e à autossuficiência. Em homilias e mensagens, ele reitera que a Igreja é o lugar onde os fiéis se colocam "aos pés" dela para serem formados à imagem de Cristo, e que "só Deus basta" para curar as feridas do mundo. Durante a Missa em memória de Bento XVI (2023), Francisco declara: "Deus ama a humildade porque permite que ele interaja conosco. [...] Deus não é apenas humilde; ele é a humildade em si". Ele liga isso à Igreja, chamando os cristãos, especialmente bispos e cardeais, a serem "trabalhadores humildes na vinha do Senhor", servindo sem impor-se, como Francisco de Assis.
Em sua mensagem para o VIII Dia Mundial dos Pobres (2024), o Papa conecta pobreza, humildade e confiança: "Há uma correlação entre pobreza, humildade e confiança. A pessoa verdadeiramente pobre é o humilde, como disse Santo Agostinho: 'Os pobres nada têm de que se orgulhar, os ricos devem combater o orgulho'". Os humildes, como os órfãos e viúvas do Evangelho, confiam em Deus sem depender de si mesmos, tornando-se "ricos em Deus". Essa visão ecoa a frase ao posicionar a Igreja como mãe que acolhe os pobres, convidando todos a uma humildade que revela a suficiência divina: "Deus busca os humildes, aqueles que esperam nele e não em si mesmos e em seus próprios planos".
Francisco exalta São Celestino V como modelo de humildade: "Não há outra maneira de cumprir a vontade de Deus senão assumir a força dos humildes". Ele criticava o "espírito do mundo dominado pelo orgulho" e convida a um "realismo saudável" que nos faz olhar para Deus, não para nós mesmos. Ele recorda o nascimento humilde de Jesus: "Se queres encontrar Deus, busca-o na humildade, na pobreza, onde ele está escondido: nos necessitados, nos doentes, nos famintos". A Igreja, para ele, é  onde aos pés dela encontramos respostas, julgados não por honras ou riquezas, mas pelo amor aos pobres (Mt 25:35-36). Sua exortação aos padres hispânicos (2024) reforça: "Não confieis apenas em grandes ideias [...] Entregai-vos àquele que vos chamou, com a certeza de que ele completará o vosso trabalho".
Inspirado em Francisco de Assis, o Papa enfatiza a oração e o exame de consciência como caminhos para a humildade, ecoando Santo Inácio: "A humildade nos faz conscientes de que não somos nós que construímos o Reino de Deus, mas a graça do Senhor que age em nós". Assim, "só Deus basta" se torna um chamado à simplicidade, onde a Igreja nos guia para uma confiança que liberta das ansiedades mundanas.

Bom, acho que me animei um pouco nessa postagem, mas espero que com isso tenha ajudado você a viver melhor esse louvorzão. 

REFERÊNCIAS:

https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2024/august/documents/20240831-capitolo-cappuccini.html
https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2023/december/documents/20231202-dubai-cop28.html
https://www.vatican.va/content/francesco/pt/homilies/2016/documents/papa-francesco_20161113_giubileo-omelia-senza-fissa-dimora.html
https://www.vatican.va/content/francesco/pt/homilies/2019/documents/papa-francesco_20191231_omelia-tedeum.html
https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2017/november/documents/papa-francesco_20171123_famiglie-francescane.html
https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2022/september/documents/20220924-visita-assisi.html
https://www.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2016/documents/papa-francesco_20161112_udienza-giubilare.html
https://www.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2021/documents/papa-francesco_20211222_udienza-generale.html





Nenhum comentário:

Postar um comentário