Série Pensando na letra das músicas do Encontro Lumen Despertar - Divino amigo - Toca de Assis.

Olá, caros leitores!!

Hoje farei um pouco diferente, vou pensar com vocês sobre a letra de uma música que acho linda e que não sai da minha cabeça. É uma música do último cd da Toca de Assis, e se chama Divino amigo. Então, vamos lá! Mãos à obra. Ah, essa música é do Despertar Lumen Atrium. Não tenho a arte do retiro. 

Como faz muito tempo que escrevi, estou reescrevendo aos poucos, corrigindo links de vídeos e acrescentando informações. A caminhada me ajudou a amadurecer na fé e acho que isso pode contribuir para melhorar ainda mais as reflexões. Texto em reconstrução (20/10/24).

A letra da música está destacada em negrito e, o restante são apontamentos meus junto com alguns aditivos da IA.

"Jesus, só Tu és meu Divino Amigo"

Claro, vem logo a passagem de João 15, 15:

"Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor; mas Eu vos tenho chamado amigos, pois tudo o que ouvi de meu Pai Eu compartilhei convosco. " Isso reflete a intimidade e a proximidade que Jesus oferece aos seus seguidores.

Jesus, é Mestre, Redentor, amigo... É aquele que sempre estará ao nosso lado, nas horas boas e ruins, mesmo que muitas vezes não percebamos. Como naquela história das Pegadas na areia, que a pessoa achava que estava andando só nos momentos difíceis, mas que na verdade, Cristo a levava nos braços.

O CIC reforça a importância de nosso relacionamento pessoal com Jesus: "A vida em Cristo é vida ‘em comunhão com ele’. ‘Deus... nos fez dignos de participar da herança dos santos na luz. Ele nos livrou do poder das trevas e nos transferiu para o reino de seu Filho amado, em quem temos a redenção, a remissão dos pecados’" (CIC 1691). Jesus, como nosso Divino Amigo, nos convida a viver em comunhão com Ele.

A encíclica "Deus Caritas Est" do Papa Bento XVI fala sobre o amor de Deus revelado em Jesus Cristo, que nos chama à amizade com Ele. Em "Evangelii Gaudium", o Papa Francisco enfatiza a alegria que vem de um relacionamento pessoal com Jesus: "A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus" (EG 1).

Santa Teresa de Ávila e São João da Cruz frequentemente falavam sobre sua íntima amizade com Jesus. Santa Teresa, em "Caminho de Perfeição", escreve sobre Jesus como amigo e companheiro de todas as horas. São João da Cruz, em seus poemas místicos, expressa a profundidade dessa amizade e união com Cristo.

"Capaz de entender aquilo que me faz sofrer".

Percebemos aqui, uma intimidade. Tem amigos que só pela nossa expressão facial ou nossa voz, sabe como estamos. Deus, nos criou, e sabe melhor que ninguém quem somos, conhece nossos potenciais e fraquezas, nossas alegrias e dores. Até o número de fios de cabelo!!Também me remete à compaixão, ao colocar-se no lugar do outro, ao sofrer junto.

A Bíblia nos mostra que Jesus é capaz de entender nossas aflições. Em Isaías 53:3, Ele é descrito como "homem de dores e que sabe o que é padecer". Em Hebreus 4:15, lemos que "Não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; Ele foi tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado". Jesus entende profundamente nosso sofrimento porque Ele próprio sofreu.

O CIC destaca que Jesus é nosso modelo de vida e de aceitação do sofrimento: "Cristo nos pede que tomemos nossa cruz e sigamos seus passos; de fato, ele mesmo sofreu por nós, deixando-nos o exemplo para que sigamos seus passos" (CIC 618). O catecismo sublinha que a nossa dor não é em vão, mas parte do caminho de união com Cristo.

O Papa João Paulo II, em sua carta apostólica "Salvifici Doloris", discorre sobre o valor redentor do sofrimento humano quando unido ao sofrimento de Cristo. Ele escreve: "No mistério pascal, Cristo elevou o sofrimento humano à dignidade de redenção. Por isso, cada homem no seu sofrimento pode participar no sofrimento redentor de Cristo."

Os santos frequentemente encontraram sentido e consolo em seus sofrimentos através de sua união com Cristo. São João da Cruz, em seus escritos sobre a "noite escura da alma", fala da purificação profunda que o sofrimento pode trazer. Santa Teresa de Lisieux encontrou alegria mesmo em suas dores, vendo-as como meios de se unir mais intimamente a Jesus.

Jesus conhece nossas dores e nos chama a unir nossos sofrimentos aos dele, encontrando assim redenção e sentido em meio ao sofrimento.

"Leva-me aonde for, onde Tu queres, 

Pois sendo Esposo de minh'alma, não me abandonarás!"

Imediatamente, me faz pensar em entrega, em confiança, em despojamento, em obediência. Simplificando a explicação de Amor esponsal, e retirando-a da definição do livro

Amor esponsal, do Shalom, temos que:

"Amor Esponsal: chama viva que inflama e purifica o coração capacitando-o a aderir incondicionalmente e com vigor a bem-aventurada vontade do Pai"

Vejo isso muito como um chamado de todos nós a seguir os sonhos e planos do Criador. Somos quem realmente somos, quando nos unimos em intimidade com o Criador. Deixamos de lado o que o mundo quer nos 'empurrar' para nos enganar. Vivendo a Perfeita Alegria de conhecer-se pelo olhos de

Deus. A Fidelidade de Deus conosco e a nossa para com Ele. O Compromisso que nos une "num laço de amor eterno e alegria sem fim".

Na Bíblia, temos a certeza do cumprimento da promessa de Cristo de que não nos abandonará.

A relação entre Cristo e a alma como Esposo é linda e rica. Em Efésios 5:25-27, Paulo fala sobre Cristo amando a Igreja e se entregando por ela, purificando-a para apresentá-la a si mesmo como uma Igreja gloriosa. Essa imagem do esposo reflete um amor sacrificial e profundo.

O CIC destaca a união íntima e esponsal entre Cristo e a Igreja, e consequentemente entre Cristo e cada alma fiel: "O Esposo é o próprio Cristo, que se entregou pela Igreja para santificá-la" (CIC 796). Ele é quem guia a alma em todas as circunstâncias e nunca a abandona.

O Papa Bento XVI, em sua encíclica "Deus Caritas Est", descreve o amor esponsal de Deus pela humanidade, enfatizando que este amor é ao mesmo tempo ágape e eros, um amor completo que nos envolve inteiramente. Em "Evangelii Gaudium", o Papa Francisco nos encoraja a deixar-nos guiar por Jesus em todos os aspectos da nossa vida, confiando em sua presença constante.

Santa Teresa de Ávila e São João da Cruz frequentemente utilizaram a linguagem esponsal para descrever seu relacionamento com Cristo. Santa Teresa, em "Caminho de Perfeição", fala sobre a entrega total a Cristo e a confiança inabalável em sua presença constante. São João da Cruz, em "Cântico Espiritual", expressa profundamente o amor esponsal e a união com Cristo.

Esse trecho é uma declaração de rendição completa à vontade de Cristo, confiando em seu amor e presença constantes.

"Estaremos juntos, a desbravar 

Os caminhos tortuosos dentro do meu coração!"
O conhecimento de si, requer a coragem de lidar com as próprias misérias e, se
utilizarmos para isso o caminho Ordo Amoris (Tudo ordenar para o Amor), estaremos nos
conhecendo à luz dos olhos de Deus. Por meio desse caminho, vamos nos moldando ao
Amor, dando novos significados 'aos caminhos tortuosos do nosso coração'. Cauterizando nossas chagas com o fogo do Perdão.
Mais uma vez, a fidelidade de Deus, se faz presente no compromisso de fazer esse percurso junto conosco. Exige também a nossa fidelidade, para que obedientes, sigamos suas instruções. Ouçamos a Sua voz a nos guiar, a nos mostrar o melhor caminho.

"E em cada Comunhão, o nosso encontro no Altar 

Tendo ardente o desejo de deixar"

Ai, a comunhão! O Cristo que faz-se alimento de nossa alma, que vem nos dar forças para suportar a vida. Um mistério de fé, uma promessa, uma certeza, de um Cristo que não nos abandona, muito pelo contrário que quer encontrar-nos sempre. Nos espera ansioso por
esse encontro. Eis que o lugar desse encontro, é o ATRIUM. Que tanto pode significar o local físico na Igreja, como no Sagrado Coração de Jesus Misericordioso.
E de um encontro como esse, de puro amor e misericórdia, saímos inflamados, abrasados por essa comunhão com a Trindade. Quase que embasbacados por algo tão extraordinário que acontece a cada dia diante de nosso olhos. E só queremos nos lançar nesse amor, nesse abraço tão acolhedor de Pai.

Chegamos ao refrão! 

"Ter meu coração trocado pelo Teu!"

Um Deus que envia seu filho único para nos salvar e ao mesmo tempo para fazer-nos filhos seus também. E ainda assim, diante de nossas misérias, inclina o seu coração a nós, e
quer trocar o seu Sagrado Coração com o nosso. Quer nos purificar, nos santificar, sarar nossas feridas, nos restaurar. É muuuito amor. 

"Que tua Alegria seja a minha, Senhor!" A alegria genuína, que vem da entrega completa e confiante à vontade do Senhor. De ver o amor acontecer entre os irmãos. De alegrar-se com a alegria do outro.
"Que já não seja eu, mas Tu que vive em mim!" 

Não tem como não lembrar do Gálatas 2,20: "Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim." É viver plenamente nossa identidade de Filhos de Deus. Deixar de lado o que o mundo quer que sejamos e que muitas vezes nos confunde, nos tira do caminho, para assumir nossa identidade real, aquela de filho de Deus, de amigos de Jesus, de almas esponsais.

"Faça-se em meu coração, o que falta à Tua Paixão!" 

Nossa, essa é a frase que me chama mais atenção na música toda. Qual o trecho dessa música que mais chama a tua atenção ? É a certeza de um coração decidido. Que sabe que não está só, mas que tem sempre Jesus ao seu lado. Um coração destemido, restaurado, fortalecido. Um ardor missionário, que, na certeza de ser morada de Deus, em um ato de despojamento e fidelidade, doa a sua vida, como Maria, ao Pai.

Enfim, acho que a publicação ficou meio grandinha. Tenho a certeza de que se refletirem também sobre essa música, perceberão novos detalhes. E, nessa postagem o desafio que vos faço é o de rezar com essa música e refletir o que ela te diz, o que transmite ao teu coração.

Fiquem com Deus e Maria vos guarde!! 

 Luz e Paz!