Pensando na letra da música Dois Abismos - Suely Façanha (música tema do Despertar Lumen Domus Dei)

Olá!

Estou com um tempo mais livre e resolvi encerrar as pendências de posts que fui deixando de lado por falta de tempo ou inspiração. Fiquei surpresa ao descobrir que não coloquei pra frente esse post de uma música com a qual já rezei bastante e que gosto muito. 

O título “Dois Abismos” pode ser interpretado de várias maneiras, especialmente à luz da espiritualidade católica e da relação entre o humano e o divino.
Abismo do Amor Divino: Um dos abismos pode representar o amor infinito e insondável de Deus, que é profundo e vasto, além da compreensão humana. Este abismo é um convite para mergulhar na graça e na misericórdia divinas.
Abismo da Alma Humana: O outro abismo pode simbolizar a profundidade da alma humana, com suas buscas, anseios e a necessidade de encontrar sentido e plenitude. Este abismo reflete a nossa vulnerabilidade e a nossa sede de Deus.
A música, então, pode estar falando sobre o encontro desses dois abismos: o abismo do amor de Deus que atrai e preenche o abismo da alma humana. É uma imagem poderosa de como a graça divina pode preencher e transformar a nossa existência.
Enfim, para o que interessa, né?
A música “Dois Abismos” da Comunidade Católica Shalom é uma reflexão profunda sobre a relação entre o ser humano e o divino. A letra fala sobre a melodia divina que encanta e seduz, representando a palavra de Deus como uma canção eterna de beleza e harmonia.
A letra pode ser vista como uma meditação sobre a atração irresistível do amor divino, semelhante ao que encontramos em passagens bíblicas como Jeremias 31:3, onde Deus diz: “Com amor eterno eu te amei; com bondade te atraí”.
A ideia de ser seduzido pela palavra de Deus também lembra o Salmo 119:103: “Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! Mais que o mel à minha boca”
A música reflete a doutrina da graça, onde a graça de Deus é vista como um dom que atrai e transforma o coração humano. Isso está alinhado com o ensinamento do Catecismo da Igreja Católica sobre a graça (CIC 1996-2005).
A letra também pode ser interpretada à luz da doutrina da santificação, onde a beleza e a harmonia da vida em Cristo são um chamado à santidade.
Muitos santos falaram sobre a atração do amor divino. Santa Teresa de Ávila, por exemplo, descreveu suas experiências místicas como uma sedução divina que a atraía para uma união mais profunda com Deus. São João da Cruz também escreveu extensivamente sobre a “noite escura da alma”, onde a alma é atraída e transformada pelo amor divino, mesmo em meio a dificuldades e provações.
Vamos à análise de fato? A letra da música está em negrito, os demais textos são escritos por mim ou colocados trechos de outros autores para nos ajudar a pensar um pouco à respeito da letra.  

Eu, escuto a melodia que tu cantas
Tu, palavra de amor que me encanta
Seduzindo-me pra sempre
Inteiramente...
Eterna canção de beleza e harmonia, sem fim.

A Palavra está repleta de músicas e  canções como metáforas para a relação entre Deus e a humanidade. Por exemplo, no Salmo 40:3, lemos: “Pôs um novo cântico na minha boca, um hino de louvor ao nosso Deus”. A melodia que Deus canta pode ser vista como Sua Palavra, que nos guia e nos encanta com Seu amor eterno.
A encíclica “Deus Caritas Est” do Papa Bento XVI, fala do amor de Deus como algo que nos atrai e nos seduz. O amor divino é descrito como uma força que nos chama a uma união profunda e eterna com Deus, refletindo a ideia de ser “seduzido para sempre”.
Santos como Santa Teresa de Ávila e São João da Cruz frequentemente usaram a linguagem da música e da poesia para descrever suas experiências místicas. Santa Teresa, em “O Castelo Interior”, fala da alma sendo atraída por Deus como uma canção eterna de beleza e harmonia. São João da Cruz, em “Cântico Espiritual”, usa a metáfora do amor como uma melodia que encanta e seduz a alma.

Tu, me encerras em teu peito amor ferido
Em teus golpes de amor, tens me vencido
De amor me tens cativo
Rendido...
Fizeste-me presa de tua bondade, sem fim.

A Palavra frequentemente fala do amor de Deus como algo que nos envolve e nos transforma. Em Oséias 2:14-16, Deus fala de atrair Israel ao deserto e falar-lhe ao coração, mostrando um amor que cura e transforma. A ideia de ser “encerrado no peito” de Deus reflete essa intimidade e proteção divina.
Nos documentos da Igreja, como a encíclica “Redemptor Hominis” de São João Paulo II, o amor de Cristo é descrito como um amor que sofre e se sacrifica por nós. Os “golpes de amor” podem ser vistos como as feridas de Cristo, que nos redimem e nos vencem com Sua bondade infinita.
Santos como São Francisco de Assis e Santa Teresinha do Menino Jesus falaram do amor de Deus como algo que nos cativa e nos rende. São Francisco, em seu “Cântico das Criaturas”, expressa um amor profundo e rendido a Deus. Santa Teresinha, em seus escritos, frequentemente fala de ser cativa do amor de Deus, rendida à Sua bondade.

Tu, mais intimo de mim, do que eu mesmo
Infinito no finito em quem me perco
Dois abismos que se abraçam
E se enlaçam
Num laço de amor eterno e alegria, sem fim.(bis)

Ao lermos a Palavra com certa frequência vamos percebendo o amor de Deus conosco de maneira muito pessoal. Em Atos 17:28, lemos: “Pois nele vivemos, nos movemos e existimos”. Isso reflete a ideia de Deus ser mais íntimo de nós do que nós mesmos. A noção de “infinito no finito” pode ser vista na encarnação de Cristo, onde o infinito Deus se fez homem.
Na encíclica “Laudato Si’” do Papa Francisco, faz uma ênfase na presença de Deus em toda a criação, mostrando como o infinito se manifesta no finito. A ideia de “dois abismos que se abraçam” pode ser vista como a união do divino e do humano, especialmente na Eucaristia, onde Cristo se faz presente de maneira real e tangível.
Santos como Santo Agostinho e São João da Cruz exploraram profundamente a intimidade com Deus. Santo Agostinho, em suas “Confissões”, fala de Deus como “mais íntimo de mim do que eu mesmo”. São João da Cruz, em seus escritos místicos, descreve a união da alma com Deus como um abraço profundo e eterno, refletindo a ideia de “dois abismos que se abraçam”.

Dois abismos que se abraçam
E se enlaçam
Num laço de amor eterno e alegria, sem fim.

A Bíblia frequentemente usa a imagem de um abraço ou união para descrever a relação entre Deus e a humanidade. Em João 17:21, Jesus ora para que todos sejam um, assim como Ele e o Pai são um. Isso reflete a ideia de dois abismos que se abraçam e se enlaçam em um laço de amor eterno.
Nos documentos da Igreja, como a encíclica “Deus Caritas Est” do Papa Bento XVI, o amor de Deus é descrito como um amor que une e transforma. A ideia de um “laço de amor eterno e alegria” é central na teologia cristã, onde a união com Deus é vista como a fonte de verdadeira alegria e paz.
Santos como São João da Cruz e Santa Teresa de Ávila frequentemente usaram a linguagem da união e do abraço para descrever suas experiências místicas. São João da Cruz, em “Cântico Espiritual”, fala da alma sendo unida a Deus em um abraço profundo e eterno. Santa Teresa, em “O Castelo Interior”, descreve a união da alma com Deus como um estado de alegria e paz sem fim.

Estou mudando um pouco a escrita das análises, buscando enriquecer a reflexão e não deixá-la como algo somente da minha interpretação, trazendo a Palavra, os documentos da Igreja e falas de santos. Espero ter construído na sua oração e entendimento dessa música. Se sim, por favor, compartilha com amigos, coloca teu testemunho aqui. Se não, pode colocar no que posso melhorar. 

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!



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