Sobre o discurso do Papa Francisco na Vigília da JMJ

A paz de Deus esteja convosco!

Feliz ou infelizmente, não pude ir à Jornada Mundial da Juventude na Cracóvia, mas na medida do possível tentei acompanhar o que se passava lá. Pelo menos as falas do papa Francisco. Quem assistiu a vigília viu o quanto Deus nos falou e emocionou-se, deixou-se afetar por tudo que viu e ouviu, nas apresentações, nos testemunhos, no discurso de Francisco. Então, como foi algo muito marcante pra mim, quero verbalizar com vocês. Alguns pontos em especial serão discutidos mais veementemente.


Queridos amigos, convido-vos a rezar juntos pelo sofrimento de tantas vítimas da guerra, desta guerra que há hoje no mundo, para podermos compreender, uma vez por todas, que nada justifica o sangue dum irmão, que nada é mais precioso do que a pessoa que temos ao nosso lado. (Papa Francisco)

Quantas e quantas vezes nós fazemos 'tempestade num copo d'água por bobagens, Criamos ambientes hostis em nossas casas, trabalho, escola, círculos de amigos. Incluo-me nisso, pois tenho a consciência de que nem sempre eu sou mansa como o coração de Jesus e isso pra mim é motivo de tristeza, de desgosto. Nesses momentos estamos levando trevas ao invés de luz. E isso se reflete, no 'clima pesado' que fica, com as brigas, os pitis. Acredito que você concorda que um ambiente em paz, é muito melhor para todos. Então sejamos os primeiros a transmitir essa paz, a estabelecer o diálogo como forma de resolver as coisas, a ter a humildade de pedir ajuda quando o negócio está complicado.
Quantas vezes endurecemos nossos corações ao passar por um morador de rua, um drogadicto, ao ver nas mídias as tragédias pelo mundo? Preferimos deixar isso distante, não nos comprometemos. "É tão longe né? Nunca vai chegar aqui, pra que me importar?".Ah, mas se fosse com 'um dos nossos' a coisa era diferente, sofreríamos, buscaríamos ajuda o máximos que pudéssemos. A vida, qualquer vida, é dom de Deus. Logo, enquanto seus filhos, devemos sim nos importar, Devemos tentar ajudar, ofertar nossas orações, nossas palavras de força e conforto, nossa acolhida, nosso simples sorriso, nosso abraço. Jesus deu sua vida por nós, como seus discípulos nossa vida também precisa estar a seu serviço, onde, como e pra quem Ele nos guiar.

Se fizermos uma rápida pesquisa pela internet, podemos ver que o mundo geme com guerras, atentados terroristas, com jovens se perdendo no mundo das drogas cada vez piores.  Famílias inocentes dizimadas, pessoas que perderam seus familiares, sem ter para onde ir, o que comer, onde dormir. São seres humanos, como nós, em profundo sofrimento. É difícil até de imaginar o tamanho da angústia dessas pessoas. E os terroristas, matando e perdendo suas vidas em causas vazias. Com a dignidade tão comprometida, que algumas vezes nos parecem animais, tamanha crueldade. E os familiares de drogadictos, que sofrem junto, alguns perdem tudo, desgastam-se junto com aquele ente querido. Alguns podem estar nas drogas não por mera curiosidade, mas infelizmente foi a forma (errada) que encontraram de 'anestesiar seus sofrimentos'. Às vezes, sequer lembramos de agradecer o teto sobre nossas cabeças, a paz de saber que seu país não está em guerra, a comida que comemos, a água que bebemos, o trabalho/escola/faculdade que frequentamos, por termos uma família unida, por nossa saúde. 
Uma vez um amigo leu em algum livro algo como: "a oração é como uma poça d'água que, quando evapora não sabemos para onde vai". Muitas vezes nem fazemos ideia, mas a nossa oração pode chegar onde sequer imaginamos, salvar almas, restaurar vidas, fortalecer a esperança, libertar, e isso faz parte da beleza da Igreja, dos mistérios de Deus. Podemos fazer muito quando confiantemente entregamos nossas orações nas mãos de Deus. Não calemos nossas vozes, mas brademos a Deus intercedendo pelo sofrimento de nossos irmãos.
Agora, não vamos pôr-nos a gritar contra ninguém, não vamos pôr-nos a litigar, não queremos destruir, não queremos insultar. Não queremos vencer o ódio com mais ódio, vencer a violência com mais violência, vencer o terror com mais terror. A nossa resposta a este mundo em guerra tem um nome: chama-se fraternidade, chama-se irmandade, chama-se comunhão, chama-se família. Alegramo-nos pelo fato de virmos de culturas diferentes e nos unirmos para rezar. Que a nossa palavra melhor, o nosso melhor discurso seja unirmo-nos em oração. (Papa Francisco)

Gritaria e discussão só leva a mais discussão. O mundo precisa é de mais amor, de mais compreensão, de mais cuidado, de empatia, de generosidade, de doação de vida... Então que tal sermos nós essa mudança que o mundo precisa? Precisamos começar onde Deus nos colocou, na família, no trabalho, na escola, na faculdade, na comunidade. Basta abrirmos os olhos para ver que o mundo precisa do nosso sim. Como diria a famosa frase, ora atribuída a Mahatma Ghandi, ora atribuída a Dalai Lama, "Seja a mudança que você quer ser no mundo". Se queremos um mundo melhor, devemos plantar a semente do respeito, do cuidado, do amor, da tolerância...
Amigos, Jesus é o Senhor do risco, o Senhor do sempre «mais além». Jesus não é o Senhor do conforto, da segurança e da comodidade. Para seguir a Jesus, é preciso ter uma boa dose de coragem, é preciso decidir-se a trocar o sofá por um par de sapatos que te ajudem a caminhar por estradas nunca sonhadas e nem mesmo pensadas, por estradas que podem abrir novos horizontes, capazes de contagiar-te a alegria, aquela alegria que nasce do amor de Deus, a alegria que deixa no teu coração cada gesto, cada atitude de misericórdia. Caminhar pelas estradas seguindo a «loucura» do nosso Deus, que nos ensina a encontrá-Lo no faminto, no sedento, no maltrapilho, no doente, no amigo em maus lençóis, no encarcerado, no refugiado e migrante, no vizinho que vive só. Caminhar pelas estradas do nosso Deus, que nos convida a ser atores políticos, pessoas que pensam, animadores sociais; que nos encoraja a pensar uma economia mais solidária do que esta. Em todos os campos onde vos encontrais, o amor de Deus convida-vos a levar a Boa Nova, fazendo da própria vida um dom para Ele e para os outros. Isto significa ser corajosos; isto significa ser livres. (Papa Francisco)
Viver o Evangelho, nada mais é que viver a nossa vocação, aproximarmo-nos da nossa essência primeira, daquele sonho de Deus quando nos criou. Não é fácil, mas não estamos e nunca estaremos sozinhos. É tão bom nos conhecer à luz de Deus, corresponder ao seu imenso amor e misericórdia. Imagina só, a alegria de ser instrumento de Deus para resgatar a vida de alguém que estava com o inferno como destino? É ter a consciência de devolvermos a dignidade de alguém, não por nós, mas pela graça de Deus. E isso, só fazemos se formos atrás, se buscarmos o sofredor in loco, sentia a sua dor e oferecer as mãos para ajudá-lo a levantar. E a alegria de Deus ao ver mais um filho voltando ao seus braços? O amor e a misericórdia são sim instrumentos para mudar o mundo e começa com cada um de nós. Não é à toa que somos chamar à or(ação), a intimidade com Deus nos guia e nos inflama e a ação é a aproximação da nossa essência, que é amor.
...todos somos chamados a experimentar. Deus espera algo de ti. Ouvistes bem? Deus espera algo de ti, Deus quer algo de ti, Deus está à tua espera. Deus vem quebrar os nossos fechamentos, vem abrir as portas das nossas vidas, das nossas perspetivas, dos nossos olhares. Deus vem abrir tudo aquilo que te fecha. Convida-te a sonhar, quer fazer-te ver que, contigo, o mundo pode ser diferente. É assim: se não deres o melhor de ti mesmo, o mundo não será diverso. É um desafio.
E aí, como estão os seus sentidos e sua intimidade com Deus? Vocês estão afinados? Ou estás um negócio meio morno? A intimidade nos ajuda a melhor saber o que Deus quer de nós. Deus nos espera, nos quebranta, nos liberta, nos protege, nos guia, quer que sonhemos, que possamos dar o melhor de nós. Qual a sua resposta a esse desafio? Sem se deixar levar por medos e inseguranças? Na Palavra e na vida dos santos temos muitos exemplos de pessoas que seguiram esse caminho, superaram suas dificuldades, confiaram na vontade e na providência do Senhor.
O mundo de hoje pede-vos para serdes protagonistas da história, porque a vida é bela desde que a queiramos viver, desde que queiramos deixar uma marca. Hoje a história pede-nos que defendamos a nossa dignidade e não deixemos que sejam outros a decidir o nosso futuro. Não! Nós é que devemos decidir o nosso futuro; vós, o vosso futuro. O Senhor, como no Pentecostes, quer realizar um dos maiores milagres que podemos experimentar: fazer com que as tuas mãos, as minhas mãos, as nossas mãos se transformem em sinais de reconciliação, de comunhão, de criação. Ele quer as tuas mãos para continuar a construir o mundo de hoje. Quer construí-lo contigo. E tu, que Lhe respondes? Que resposta Lhe dás tu? Sim ou não? (Papa Francisco)
 O seu sim, o meu sim, podem fazer a diferença na vida de outras pessoas, vamos nessa?
Quando o Senhor nos chama não pensa naquilo que somos, naquilo que éramos, naquilo que fizemos ou deixamos de fazer. Pelo contrário: no momento em que nos chama, Ele está a ver tudo aquilo que poderemos fazer, todo o amor que somos capazes de comunicar. Ele aposta sempre no futuro, no amanhã. Jesus olha-te projetado no horizonte, nunca no museu.
Por isso, amigos, hoje Jesus convida-te, chama-te a deixar a tua marca na vida, uma marca que determine a história, que determine a tua história e a história de muitos. (papa Francisco)
Com relação a isso, sugiro que rezemos com uma música:

A vida de hoje diz-nos que é muito fácil fixar a atenção naquilo que nos divide, naquilo que nos separa. Querem fazer-nos crer que fechar-nos é a melhor maneira de nos protegermos daquilo que nos faz mal. Hoje nós, adultos – nós, adultos –, precisamos de vós para nos ensinardes – como estais a fazer hoje – a conviver na diversidade, no diálogo, na partilha da multiculturalidade não como uma ameaça mas como uma oportunidade. E vós sois uma oportunidade para o futuro. Tende a coragem de nos ensinar, tende a coragem de ensinar a nós que é mais fácil construir pontes do que levantar muros! Precisamos de aprender isto. E todos juntos pedimos que nos exijais percorrer as estradas da fraternidade. Sede vós os nossos acusadores, se escolhermos o atalho dos muros, o atalho da inimizade, o atalho da guerra. Construir pontes…(...)Coragem! Fazei-o agora. Fazei esta ponte humana, dai as mãos, todos vós: é a ponte primordial é a ponte humana, é a primeira, é o modelo. Naturalmente há sempre o risco – como disse no outro dia – de se ficar com a mão estendida; mas, na vida, é preciso arriscar; quem não arrisca, não vence. Com esta ponte, podemos avançar. Fazei aqui esta ponte primordial: dai-vos as mãos.
Parece-nos mais fácil disseminar uma inverdade, do que verificar os fatos. Colocar 'lenha na fogueira' do que apazinhar as brigas. Responder a uma frustração com grosseria e brutalidade. Só tem um porém, assim estaríamos deixando uma marca ruim, construindo muros. Seja onde for que estivermos as coisas fluem muito melhor quando nos permitimos e permitimos ao outro que construam pontes. Quando nos permitimos afetar pela dor do outro, para melhor poder entendê-lo e ajudá-lo. Todo cansaço torna-se pequeno diante do sorriso do outro. Não é mais fácil, mas é bem melhor estender a mão do que apontar o dedo e julgar. Muitos podem estar tão feridos pela vida, que não sabem como construir pontes, temos que ir aos pouquinhos, com paciência, persistência e muito muito amor.
Hoje, Jesus, que é o Caminho, chama-te a deixar a tua marca na história. Ele, que é a Vida, convida-te a deixar uma marca que encha de vida a tua história e a de muitos outros. Ele, que é a verdade, convida-te a deixar as estradas da separação, da divisão, do sem-sentido. Aceitais? Aceitais? Que respondem agora as vossas mãos e os vossos pés ao Senhor, que é caminho, verdade e vida? Aceitais? O Senhor abençoe os vossos sonhos! (Papa Francisco)
Aqui fica a provocação para deixar de lado o nosso comodismo e dar nosso sim aos sonhos de Deus, para mim, para ti, para tua comunidade, para o mundo; de abrir os olhos para a luz que podemos levar ao nosso redor. Vamos nessa?!

A fala completa do Papa Francisco está na página do Vaticano:
http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2016/july/documents/papa-francesco_20160730_polonia-veglia-giovani.html

Santa Faustina, rogai por nós!
São Maximiliano Kolbe, rogai por nós!
São João Paulo II, rogai por nós!








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