Poesia - fato do cotidiano

Luz e paz!!

Recentemente, em conversa com uma amiga, ela contou-me um fato que observou na parada do ônibus e, sabendo do meu dom de escrever poesia, pediu que eu escrevesse sobre o ocorrido.
Vou começar pela prosa pra contextualizar e depois mostro a poesia. Tentarei se fidedigna à narrativa dela, mas talvez romanceei um pouco. Já adiantando que o tema é deficiente visual na parada de ônibus.



Ela estava na parada de ônibus ao lado de determinado shopping e percebeu que havia um senhor que era deficiente visual. Por um bom tempo ele ficou lá, sem que ninguém se aproximasse, perguntasse se queria ajuda. Conversas entre amigos, pessoas focadas na rua à espera do seu ônibus, talvez alguém o tenha percebido e ficou meio sem saber como proceder...o fato é que aparentemente cada um estava na sua e não percebiam a necessidade desse outro que estava logo ao lado. Determinado momento um moço se aproximou dele e perguntou qual ônibus pegaria. Parece que o moço falou que ele estava na parada errada e o orientou para ir à certa, alguns passos adiante. Quando o ônibus chegou, outra pessoa informou a ele, mas não se tocou que precisaria de ajuda para ir até a porta. Foi preciso uma terceira pessoa que teve a sensibilidade de interrogá-lo se precisaria de ajuda e lhe dar o braço desajeitadamente para conduzi-lo.


Na parada de ônibus 
comecei a observar
um homem que lá estava
e não pode enxergar

não foi a cegueira
que atraiu minha atenção
foi a indiferença
frente à sua condição

era cada um na sua
não chegavam pra perguntar
se ele queria ajuda
qual ônibus iria pegar ?

aprisionado
na "identidade limitante"
de quem 
não pode enxergar

ignorado 
reduzido
em um mundo oprimido 
e egoísta

um homem como todos
com sentimentos 
e limitações
porque não ajudar ?
o que fazemos 
com nossas visões ?


Enfim, essa foi minha forma de externalizar minha interpretação deste fato do cotidiano e de quebra chamar a atenção para observarmos melhor quem está ao nosso redor. Como dizia um moço, Gentileza gera gentileza. Trabalhemos pois a nossa sensibilidade e estejamos atentos a quem pode estar precisando de nós.
Já parou para pensar 
se fosse você ?
 Será 
que iriam te ajudar ? 
Ou ficaria 
no sol quente
esperando 
alguém sensível
lhe perceber ? 

Ah, tudo bem, mas também tem aqueles que poderiam dizer, até vi que tinha um deficiente visual lá, mas 
não sabia como chegar, 
o que dizer,
 como dizer, 
tive medo de perguntar 
e ele se ofender.
OK. Pode até bater uma insegurança, é até meio normal, mas não custa nada criar coragem e perguntar se precisa de ajuda. Pelo menos você teria tentado. Coloquemo-nos no lugar do outro. Não fiquemos presos em nossas inseguranças, podendo ajudar alguém.
Infelizmente, muitos de nós temos a triste mania de classificar as pessoas por alguma característica, reduzindo-as à mesma e "colocando- as em caixinhas". E muitas vezes não são caixinhas boas, mas preconceituosas. Aproveitando a deixa do dia, dia da Consciência Negra. Classificamos como o negro, o pobre, o 'cego', o drogado, o rico, o branco, o gay.... Que visão pequena essa nossa! Somos todos humanos! Temos por vocação Amar sem distinção! Todos temos nossas vivências, vícios e virtudes, nossas dores e sabores. Faço, pois o desafio/convite à todos que lerem esse post, que tal fazermos o exercício diário de tentar não rotular o outro, de ver quem precisa da nossa ajuda e nos disponibilizarmos.

Vamos ampliar 
essa visão
olhar para o lado
e cuidar do irmão 

somos todos iguais
não tem distinção
se podemos ajudar
por que não ??

não há 
quem não precise
da ajuda de alguém

juntos
e cuidando
um do outro
vamos muito mais além 

Então, chego ao fim da minha poesia e prosa.

Fiquem com Deus e Maria vos guarde!!



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