Série Pensando na letra das músicas do Encontro Despertar Lumen - Sou só Teu - Davidson Silva

Luz e Paz!!

Mais um retiro Despertar Lumen ocorreu, trazendo o novo para a comunidade e, venho propor que pensemos nas letras que ajudam a revelar esse tempo. É tempo de Ignis!! Desde já, ressalto que essa reflexão passa também pelo que sou, por minha história de vida, não é algo fechado, acabadinho. É apenas um incentivo, ou provocação, como queira, para pensarmos na música e não só cantar por cantar. Utilizarei-me de frases de Santo Agostinho para enriquecer o post.

A letra estará em negrito, para facilitar.

Vejam só onde eu fui parar
A distancia, que os ventos levaram o meu coração
Eu pensei que não ia mais te ver

Não sei se utilizaram a parábola do Pai misericordioso, também conhecida como do Filho Pródigo (Lc 15, 11-32), mas quando escutei a música pensei nessa passagem. Confesso, ela já está a um tempo cravada em meu coração e chamando a atenção. Aquele filho então ganancioso que renegou o pai a ponto de considerá-lo morto, para usufruir da herança com o pai ainda vivo. Saiu de casa pensando em curtir, em nunca mais voltar, 'aproveitar' os prazeres momentâneos que o mundo oferece.

As pessoas viajam para admirar a altura das montanhas, as imensas ondas dos mares, o longo percurso dos rios, o vasto domínio do oceano, o movimento circular das estrelas, e no entanto elas passam por si mesmas sem se admirarem.
Santo Agostinho

Ante dos apelos do mundo, muitos de nós, se vê sendo levado pela vida, como na música do Zeca Pagodinho, sem parar para pensar nos rumos que essa vida está levando, se estamos construindo/deixando algo de bom ao nosso redor. Vamos simplesmente vivendo, sem perceber o dom que é a nossa vida, vamos desgastando-a em um mundo que nos leva para a morte, para o aniquilamento de si e do outro, deixando um rastro de destruição por onde passamos. Que tal pararmos pra pensar o que estamos deixando pro mundo ? O que estamos fazendo com o presente que é a nossa vida? Estamos enxergando o dom da vida do outro ?

Mas com tempo em mim
Sinto aquele mesmo amor
Que me arrasta, e me leva de volta pra Ti meu Senhor
Quero sempre contigo viver, mesmo fraco para sempre te amar

Esse filho, andou por caminhos escusos, chegou ao fundo do poço, onde não mais conseguia ver sua dignidade de Filho amado do Pai. Veio uma percepção de que a vida não mais tinha sentido, um vazio que corroía a sua alma, que havia corrido atrás de falsas promessas de felicidade. Nos sofrimentos e dores, amadureceu e percebeu que tinha tudo que realmente precisava quando estava próximo ao Pai. E sentiu, no âmago da sua alma, aquela inquietação, aquela saudade de quem se vê longe do Amor. Aquele impulso(não sei se essa seria a palavra certa), que para mim soa como algo natural, de voltar ao Pai e viver no seu amor.

Fizeste-nos, Senhor, para ti, e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em ti.

Santo Agostinho

E o amor desse Pai é tão grande, que mesmo distante, é sentido pelo filho de forma avassaladora, arrastando-o de volta para seus braços misericordiosos.
Esse filho, agora maduro, reconhece sua pequenez diante da glória do Pai misericordioso. Seus olhos se abrem para suas fraquezas e percebe que, sozinho não é capaz de ser feliz, de superar as adversidades da vida, de se vencer.
O que nossas atitudes realmente nos dizem ? Buscamos viver a santidade ? A nossa vida é pautada na vivência do Evangelho ?

E no perdão ao outro e a si,
suas fraquezas vão sendo quebradas.
Na humildade,
sua dignidade vai sendo restaurada

o Pai é então exaltado
o outro agora é necessário
viver no amor,
por amor ao Amado

E em meio as lutas insisto em te amar
E em minhas as quedas tua mão vem me levantar
Sou só teu inteiramente

Não é fácil deixar para trás a antiga vida, reconhecer as fraquezas e buscar vencê-las.  Diante das fraquezas, uma decisão, de não ater-se a elas, mas buscar vencê-las numa luta diária. Não mais sozinho, mas com o Pai e os irmãos. Agora ele sabe o que quer verdadeiramente. Seus olhos se abriram. Eis que agora a vida faz sentido, que há um caminho a seguir, uma missão a ser cumprida, uma decisão diária de lutar ferrenhamente para ser aquilo que Deus espera de nós.

O orgulho é a fonte de todas as fraquezas, por que é a fonte de todos os vícios.         Santo Agostinho

Deixar-se lapidar pelo oleiro, exige confiança, coragem, força para entregar-se na mão de quem sabe como cuidar de nós como ninguém. Coragem de desapegar-se do que nos afasta de quem somos essencialmente, dos nossos vícios, apegos, 'pecados de estimação'. É realmente uma luta, vencida a partir da decisão firme de buscarmos a santidade. Exige um conhecimento de si, do que precisa ser mudado, e nisso o Espírito Santo pode nos ajudar e muito!

Enquanto houver vontade de lutar haverá esperança de vencer.
Santo Agostinho

Agora enxergamos
a mão que está sempre estendida
para nos segurar e puxar,
o orgulho foi vencido,
a gratidão tomou o seu lugar.

Com o coração se pede. Com o coração se procura. Com o coração se bate e é com o coração que a porta se abre.
Santo Agostinho

Conhece-te, aceita-te, supera-te.
Santo Agostinho 

E se o choro vem tua voz vem me consolar
E em um abraço me acolhes tão pecador
Sou só teu,inteiramente teu!

Necessitamos um do outro, para sermos nós mesmos.
Santo Agostinho

O arrependimento sincero
encontrou o amor acolhedor
e não o dedo acusador
de quem precisa de amor

Hoje o filho sabe com que pode contar,
Não está mais só,
Tem alguém para lhe consolar
Tem um abraço a lhe apertar

E mostrar que sua miséria
encontrou-se com o Amor
e a partir de então
a misericórdia brotou

A entrega de que decidiu
Dar-se por inteiro
E viver a liberdade
e a identidade
de filho amado do Pai

Em minhas orações e na observação dessa música, vinham alguns 'pensamentos-chave' como a questão de alguém que conheceu o mundo, amadureceu e viu que a vida tinha sentido quando estava junto ao Pai e por livre decisão se deixa inflamar por esse amor misericordioso que nos acolhe depois de humildemente nos apercebermos e nos arrependermos dos nossos erros.Diante de tanto amor, nossa alma se infla de gratidão,  num impulso de querer mostrar ao mundo/testemunhar as alegrias de ser todo de Deus. E nessa entrega, ofertamos todo o nosso ser, assim como o Filho de Deus o fez por amor a cada um de nós. 

Um amor esponsal 

de quem se dá por completo 

ao Amado, 

em confiança e docilidade, 

humildade e gratidão,

com atitude perseverante

vencendo nossa imperfeição.

Bom, foi isso que veio ao meu coração e aos dedos que estão digitando freneticamente. Espero que tenha feito sentido. O que escrevi é o que sinto com relação à música, não necessariamente passa pela espiritualidade do retiro. Vou ficando por aqui. Se tiver curtido, compartilha com os amigos, comenta o que veio em teu coração....

Fiquem com Deus e que Maria vos proteja sob seu manto!