Misericórdia - 1

Graça, misericórdia e paz!

No post sobre Santa Faustina, havia falado que pretendia falar mais com vocês sobre a Misericórdia. É um assunto que me fascina e que está cada vez mais em alta, principalmente depois que foi anunciado o Jubileu extraordinário que tenha no seu centro a misericórdia de Deus e, por conseguinte, o Ano da Misericórdia. Não pretendo com isso 'esgotar' o assunto, até porque é algo impossível visto que a misericórdia de Deus se manifesta a cada dia diante dos nossos olhos.



Existem várias formas de definir a palavra misericórdia, mas ficarei com uma que ouvi em alguma formação, não foi dita exatamente dessa forma, mas foi assim que calou em meu coração: Misericórdia é quando o coração de Deus se inclina sobre nossas misérias, dissolvendo-as no mar do Seu Amor e Perdão. E assim, seguindo o exemplo do Nosso Pai, devemos acolher, amar e perdoar o próximo apesar de suas misérias. 
A palavra ‘misericórdia’ em hebraico nos remete a um comportamento de ternura, usado na Bíblia, significa entranhas, faz pensar no amor visceral materno. Deus está disposto a amar, proteger e ajudar, dando-Se todo por nós.
Na bula de convocação do Jubileu, o Papa Francisco nos diz:
"Precisamos sempre de contemplar o mistério da misericórdia. É fonte de alegria, serenidade e paz. É condição da nossa salvação. Misericórdia: é a palavra que revela o mistério da Santíssima Trindade. Misericórdia: é o ato último e supremo pelo qual Deus vem ao nosso encontro. Misericórdia: é a lei fundamental que mora no coração de cada pessoa, quando vê com olhos sinceros o irmão que encontra no caminho da vida. Misericórdia: é o caminho que une Deus e o homem, porque nos abre o coração à esperança de sermos amados para sempre, apesar da limitação do nosso pecado."
Podemos ver Deus misericordioso no Êxodo, no pai do filho pródigo, no próprio Jesus.
A bula papal nos ensina ainda que:
« É próprio de Deus usar de misericórdia e, nisto, se manifesta de modo especial a sua omnipotência ».[5] Estas palavras de São Tomás de Aquino mostram como a misericórdia divina não seja, de modo algum, um sinal de fraqueza, mas antes a qualidade da onipotência de Deus. É por isso que a liturgia, numa das suas colectas mais antigas, convida a rezar assim: « Senhor, que dais a maior prova do vosso poder quando perdoais e Vos compadeceis… »[6] Deus permanecerá para sempre na história da humanidade como Aquele que está presente, Aquele que é próximo, providente, santo e misericordioso.
« Paciente e misericordioso » é o binómio que aparece, frequentemente, no Antigo Testamento para descrever a natureza de Deus. O facto de Ele ser misericordioso encontra um reflexo concreto em muitas acções da história da salvação, onde a sua bondade prevalece sobre o castigo e a destruição. Os Salmos, em particular, fazem sobressair esta grandeza do agir divino: « É Ele quem perdoa as tuas culpas e cura todas as tuas enfermidades. É Ele quem resgata a tua vida do túmulo e te enche de graça e ternura » (103/102, 3-4). E outro Salmo atesta, de forma ainda mais explícita, os sinais concretos da misericórdia: « O Senhor liberta os prisioneiros. O Senhor dá vista aos cegos, o Senhor levanta os abatidos, o Senhor ama o homem justo. O Senhor protege os que vivem em terra estranha e ampara o órfão e a viúva, mas entrava o caminho aos pecadores » (146/145, 7-9). E, para terminar, aqui estão outras expressões do Salmista: « [O Senhor] cura os de coração atribulado e trata-lhes as feridas. (...) O Senhor ampara os humildes, mas abate os malfeitores até ao chão » (147/146, 3.6). Em suma, a misericórdia de Deus não é uma ideia abstracta mas uma realidade concreta, pela qual Ele revela o seu amor como o de um pai e de uma mãe que se comovem pelo próprio filho até ao mais íntimo das suas vísceras. É verdadeiramente caso para dizer que se trata de um amor « visceral ». Provém do íntimo como um sentimento profundo, natural, feito de ternura e compaixão, de indulgência e perdão.
7. « Eterna é a sua misericórdia »: tal é o refrão que aparece em cada versículo do Salmo 136, ao mesmo tempo que se narra a história da revelação de Deus. Em virtude da misericórdia, todos os acontecimentos do Antigo Testamento aparecem cheios dum valor salvífico profundo. A misericórdia torna a história de Deus com Israel uma história da salvação. O facto de repetir continuamente « eterna é a sua misericórdia », como faz o Salmo, parece querer romper o círculo do espaço e do tempo para inserir tudo no mistério eterno do amor. É como se se quisesse dizer que o homem, não só na história mas também pela eternidade, estará sempre sob o olhar misericordioso do Pai. Não é por acaso que o povo de Israel tenha querido inserir este Salmo – o « grande hallel », como lhe chamam – nas festas litúrgicas mais importantes.
Antes da Paixão, Jesus rezou ao Pai com este Salmo da misericórdia. Assim o atesta o evangelista Mateus quando afirma que « depois de cantarem os salmos » (26, 30), Jesus e os discípulos saíram para o Monte das Oliveiras. Enquanto instituía a Eucaristia, como memorial perpétuo d’Ele e da sua Páscoa, Jesus colocava simbolicamente este acto supremo da Revelação sob a luz da misericórdia. No mesmo horizonte da misericórdia, viveu Ele a sua paixão e morte, ciente do grande mistério de amor que se realizaria na cruz. O facto de saber que o próprio Jesus rezou com este Salmo torna-o, para nós cristãos, ainda mais importante e compromete-nos a assumir o refrão na nossa oração de louvor diária: « eterna é a sua misericórdia ».
Se pensarmos no ditado "Tal Pai, tal filho", a partir da nossa identidade de filhos de Deus, nada mais natural que buscarmos diariamente nos assemelharmos ao Senhor em sua misericórdia, assim, estou certa de que o mundo seria muito melhor. A fraternidade seria vivida plenamente. Haveria mais tolerância, paciência, perdão, amor. Não sei quem disse, mas alguém sábio falou que se quisermos começar uma mudança no mundo, devemos começar por nós mesmos.
Parando um pouco para observar o mundo não é difícil perceber  o quanto ele nos impulsiona a ver os 'defeitos', as fraquezas, de forma a julgar o outro e ficar por isso mesmo. Muitas vezes acabamos inclusive tendo esse olhar negativista com nós mesmos. É tão mais fácil apontar o dedo e julgar, do que estendeu a mão, perdoar e amar né?! Será mesmo?!...Penso que se buscamos viver em comunhão com o Senhor é muito mais fácil de purificar nosso olhar e nosso coração e, por conhecê-lo cada vez mais, mais nos assemelhamos a Ele, mais nos aproximamos da santidade, mais próximos estamos do céu e assim, a misericórdia ocorre naturalmente, de dentro para fora.
Sabendo das nossas dificuldades, Jesus apareceu a Santa Faustina e deu-a uma missão  super especial, divulgar a Sua misericórdia!
"Desejo que o mundo todo conheça a minha misericórdia". (Diário, 687)
Em sua homilia no dia 17 de m]rço de 2013, papa Francisco  na Paróquia de S. Ana, no Vaticano nos diz:
“Creio que também nós somos esse povo que, por um lado, deseja ouvir Jesus, mas − por outro lado − algumas vezes tem a vontade de dar uma surra nos outros, de condená-los. No entanto a mensagem de Jesus é a misericórdia. Para mim − digo isso com humildade − a mensagem mais forte do Senhor é a misericórdia”.

Enquanto cristãos, o que estamos fazendo para mostrar ao mundo a misericórdia de Deus? Estamos lutando contra nossas misérias? Estamos tendo o olhar misericordioso ou olhamos para o outro com soberba e julgamento? Buscamos ajudar o outro a vencer ou aceitar suas misérias ou rotulamos e deixamos o outro à sua própria sorte? Como a luz de Jesus se manifesta em nossas ações e pensamentos?

Por ora, vou ficando por aqui. Aguardem as próximas postagens!

Deus vos abençoe!

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